A Batalha de Escobar # Parte 1


Face dura de uma realidade que lhe apresenta aterradora.

Sem muitas escolhas só resta ficar para a batalha, mesmo que seja a ultima de sua vida nesta terra. Suspirou. Se resguardou um minuto em seus pensamentos, se distanciado dos choros e murmúrios dos soldados esfarrapados a sua volta. O vento sopra como que sussurrando por um bom senso infundado, não existe escolha, salvar o maior numero de pessoas era sua missão e sua missão seria gloriosa mesmo ao custo de sua alma.

 

- Lorde Escobar! – quebrou seu silêncio interior uma voz forte quase tremula - se aproximam meu Lorde, a passos largos.

Depois de refletir, veio uma razão irracional.

- Mandem todos recuarem, ficarei aqui sozinho para permitir que fujam. Perder vocês, valorosos guerreiros em vão é o mesmo que virar as costas para meu Rei. – com uma voz firme como poucos conseguiam manter perante problema atual – rumem para o norte, assim poderão se unir as tropas e vencer.

Inconformado Mith esbraveja em desespero a decisão suicida de seu Lorde e amigo de infância.

 

- Louco, perdeu a vontade de viver, não foi culpa sua, não foi culpa sua! – segurando os ombros de Escobar e falando em tom paternal – ninguém poderia prever a traição dos Cavaleiros da Ordem da Luz. Se não estava com sua família na hora fatídica foi porque cumpriu sua função. Você salvou milhares na batalha de Bielefeld, não se culpe por algo impossível.

 

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A perda das famílias pela traição na cidade de Norm. Ecoava no peito de todos os membros da Ordem da Luz. Lutavam pelo reino contra Crânio Negro, enquanto suas famílias eram molestadas e decapitadas em casa. Escobar não era diferente, mesmo saindo-se vivo e saudável, nada podia fazer para recuperar sua família. Sobreviventes diziam que as crianças pequenas foram levadas pelos cavaleiros corrompidos, que as mulheres e idosos foram chacinados da pior maneira, a cidade era só a sombra do que talvez nunca mais voltará ser.

Como não bastasse a Aliança Negra decidida prosseguia em sua campanha de conquista do continente. Já há alguns meses eram detidos por tropas ao Norte da Antiga Fortaleza, os soldados da Ordem foram acionados, alguns rejeitaram, não aceitavam o horror de Norm, outros como Escobar seguiram e foram ao auxilio.

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Fez somente olhar em seus olhos e reiterar a primeira ordem.

- Volte com todos. Como você mesmo disse, já lutei contra exercito piores. – segurando as mãos de Mith, as retirou de sua armadura, agora já suja e desgastadas.

 

 Para um cavaleiro da Ordem da Luz, existem poucas coisas que poderiam tirar a ordem de seu comandante, mesmo que esta fosse a morte suicida do próprio. Mith, como segundo no comando, convocou os pouco mais de 80 soldados e os ordenou a retirada total.

 

- Carreguem todos nas carroças, partiremos em 10 minutos. – sem olhar na direção de Escobar, partiu como foi ordenado, jurando que todos ali estarão salvos, tentando colocar um propósito na provável morte do amigo.

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Ainda prematura era a partida do povo, podia ver todos de cima da colina que estava a tempos. Podia sentir o solo tremer de dor, pelos passos vigorosos que as Tropas de Ragnar impetravam, rugidos e grunhidos se ouvia a alguns minutos. Toda a fuligem e a noite não lhe davam passagem para ver os alvos. Estavam perto, tão perto quando os olhos poderiam ver. A chuva de cinzas impedia sua visão. Onde havia uma floresta, hoje não existe mais que uma terra de ninguém, ou melhor a terra da Aliança Negra. Terra regada de urina e sangue, onde exércitos detiveram por meses os monstros verdes e vermelhos, hoje se encontrava sozinho, sem seu exercito, sem seus amigos.

Sem medo.

Uma curta prece pediu ao deus da Justiça que sua Arma fosse seu guia, mais uma vez fosse seu melhor amigo em batalha. Impávido e robusto se colocou a esticar os ossos e músculos, parecia se aquecer para uma maratona que viria em breve.

Seus cabelos claros como os dos Elfos, já estava imundo, sua face morena já estava suja a semanas, não era um homem pequeno, mais de um metro e noventa e quase cem quilos, ombros largos inchados de força e robustez, não era um homem pequeno.  Lembrou da batalha de Bielefield, lembrou da destruição da cidade da luz. Lembrou da promessa que fez quando se ordenou Cavaleiro, nunca iria desistir. Ergueu seu escudo, que no chão estava, olhos para trás e ainda via as pessoas próximas, menos de 20 minutos de corrida.

 

Então teve um plano. Suicida, porém a esta altura não poderia ser nada menor que isto.

 

Puxou de sua pequena sacola amarrada a cintura, uma algibeira que comportava uma estatueta de um grifo de obsidiana, incrível, melhor montaria, não comia, não bebia, não fugiria. Cresceu e a montou com maestria. Subindo as nuvens, flageladas pela fuligem se tornou invisível nas alturas noturnas. Despercebido pode ver a frota obscena rumando pra a colina, próximo de mais para as pessoas fugirem, numerosos demais para os seus 80 soldados os deterem, mas burros de mais para esperar por esta manobra.

 

Escobar Desceu em um turbilhão de lamina sangue e suor, dando um rasante, por mais de 60 metros, dilacerando carne, ossos, ferro, toda a linha que perpetrava sua frente foi derrubada, abriu-se uma vala no meio da frota Goblinoide.

Sentia-se incrível, achava que tinha matado mais inimigos que existiam na sua tropa em retirada. Tentou subir novamente às nuvens escuras, foi alvejado por algumas flechas atentas, seu grifo não dor sentia, manteve-se no ar e ergueu-se as aturas vertiginosos. Agora com a tropa ativa e parada, notou a vitória de seu plano, poderia voar muito tempo ainda, suficiente para que as pessoas fugissem. Eram centenas, talvez milhares de Armas e garras sedentas de sangue e dor, todas imóveis esperando o próximo movimento e ele também.


(continua...)

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